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NA LUZ DA VERDADE DE ABDRUSCHIN

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  MENSAGEM DO GRAAL  

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NA LUZ DA VERDADE DE ABDRUSCHIN: O SER HUMANO E SEU LIVRE-ARBÍTRIO

 

MENSAGEM DO GRAAL

O SER HUMANO E SEU LIVRE-ARBÍTRIO


PARA que se possa dar um quadro completo desse tema, faz-se necessário reunir muitos elementos de fora que exercem influência maior ou menor no fator principal!

O livre-arbítrio! É algo diante do que até mesmo seres humanos eminentes se detêm pensativamente, porque havendo responsabilidade, segundo as leis da justiça, também deve haver incondicionalmente uma possibilidade de livre resolução.

Por onde quer que se ande, de todos os lados se ouve o brado: onde existe uma vontade livre no ser humano, quando há de fato providência, direção, determinações, influências astrais e carma? Pois o ser humano é impelido, ajustado e conformado, quer queira quer não!

Com afinco, os pesquisadores sinceros se lançam sobre tudo aquilo que fala do livre-arbítrio, no reconhecimento mui acertado de que, justamente a esse respeito, necessita-se imprescindivelmente de um esclarecimento. Enquanto este falta, o ser humano não consegue também se enquadrar direito, a fim de impor-se na grande Criação como aquilo que realmente é. Se, porém, não estiver sintonizado de maneira certa com referência à Criação, terá de permanecer nela como um estranho, vagará a esmo, terá de se deixar empurrar, ajustar e moldar, porque lhe falta a consciência da meta.

Seu grande defeito é ignorar onde realmente se encontra seu livre-arbítrio e como atua. Tal contingência mostra, outrossim, que perdeu completamente o caminho para seu livre discernimento, não sabendo mais como encontrá-lo.

A entrada do caminho para a compreensão não é mais reconhecível, devido ao amontoado das areias movediças. Dissiparam-se os rastros. A criatura humana, indecisa, corre em círculos, fatigando-se, até que por fim um vento refrescante abra novamente os caminhos. É natural e evidente que antes toda essa areia movediça será levantada em rodopios violentos e, desaparecendo, ainda poderá turvar a vista de muitos dos que, ansiosos, continuam a procurar a abertura do caminho.

Por esse motivo, cada um deve exercitar o máximo cuidado para conservar a vista livre, até que o último grãozinho dessa areia movediça tenha desaparecido. Do contrário, pode suceder que veja perfeitamente o caminho, no entanto, com a vista levemente turvada, pise em falso, tropece e caia, para, já com o caminho diante de si, ainda afundar. —

A incompreensão sempre de novo manifestada obstinadamente pelos seres humanos com relação à verdadeira existência de um livre-arbítrio, baseia-se principalmente na não compreensão daquilo que o livre-arbítrio realmente é.

A explicação já se encontra na própria definição, porém, como por toda parte, aqui também não se vê a coisa realmente simples, por causa de sua própria simplicidade, mas sim procura-se em lugares errados, não se chegando dessa maneira a formar uma noção do livre-arbítrio.

Por arbítrio, o maior número dos seres humanos hoje em dia entende aquela forçada construção do cérebro terreno, quando o raciocínio, atado ao espaço e ao tempo, indica e determina, para o pensar e o sentir, alguma determinada direção.

Esse, no entanto, não é o livre-arbítrio, mas o arbítrio atado pelo raciocínio terreno!

Tal equívoco feito por tantas pessoas causa grandes erros, soergue as barreiras que impossibilitam um reconhecimento e uma compreensão. Admira-se então o ser humano quando aí encontra lacunas, deparando com contradições e não conseguindo introduzir lógica nenhuma.

O livre-arbítrio, que sozinho atua tão incisivamente na verdadeira vida, de modo que se estende para longe no mundo do Além, que imprime seu cunho à alma, sendo capaz de moldá-la, é de espécie totalmente diferente. Muito maior para ser tão terrenal. Por isso não está em nenhuma ligação com o corpo terreno de matéria grosseira, portanto, nem com o cérebro. Encontra-se exclusivamente no próprio espírito, na alma do ser humano.

Se o ser humano não concedesse ao raciocínio, sempre de novo, predomínio ilimitado, poderia o livre-arbítrio, com a visão mais ampla de seu verdadeiro “eu” espiritual, indicar ao cérebro do raciocínio a direção oriunda da fina intuição. Assim, a vontade atada, absolutamente indispensável à realização de todas as finalidades terrenas, ligadas ao espaço e ao tempo, teria de enveredar muitas vezes por outro caminho, diferente do que acontece agora.

Que com isso o destino também toma outro rumo, é fácil de explicar, porque o carma, devido aos diferentes caminhos tomados, também puxa outros fios, trazendo outro efeito recíproco.

Essa explicação, naturalmente, ainda não pode trazer uma compreensão acertada sobre o livre-arbítrio. Para que seja traçado um quadro completo disso, necessário é que se saiba de que forma o livre-arbítrio já tem atuado. E de que maneira ocorreu a trama tantas vezes intrincada de um carma já vigente, que é capaz de encobrir em seus efeitos tanto o livre-arbítrio, que a sua existência pouco ou de forma alguma pode ser reconhecida.

Tal explicação, porém, somente poderá se dar, por sua vez, voltando-se ao desenvolvimento completo do ser humano espiritual, a fim de partir daquele momento em que a semente espiritual do ser humano mergulha pela primeira vez no invólucro de matéria fina, no limite extremo da matéria. —

Vemos então que o ser humano não é absolutamente o que cuida ser. Nunca tem consigo o direito absoluto à bem-aventurança e à continuação eterna de uma vida pessoal. A expressão: “Somos todos filhos de Deus”, no sentido interpretado ou imaginado pelos seres humanos, é errada! Cada ser humano não é um filho de Deus, mas só quando para tanto se tenha desenvolvido.

O ser humano é lançado na Criação como um germe espiritual. Esse germe contém em si tudo para poder se desenvolver, tornando-se um filho de Deus pessoalmente consciente. Aí se pressupõe que para tanto ele desenvolva as correspondentes faculdades, cultivando-as, sem deixar que se atrofiem.

Grande e poderoso é o processo, e, todavia, inteiramente natural em cada degrau do fenômeno. Nada se encontra aí fora de um processo lógico, porque a lógica está em todo o atuar divino, pois este é perfeito e tudo quanto é perfeito não pode dispensar a lógica.

Cada um desses germes espirituais contém em si as mesmas faculdades, visto promanarem de um espírito, e cada uma dessas faculdades encerra uma promessa cujo cumprimento se realiza incondicionalmente, tão logo a faculdade seja desenvolvida. Mas somente então! Essa é a perspectiva de cada germe na semeadura. No entanto…!

Saiu um semeador para semear: lá, onde o mais etéreo da matéria fina da Criação atinge a entealidade, é o campo para a semeadura dos germes espirituais humanos. Fagulhas saem do enteal transpondo o limite e caem no solo virgem da parte mais etérea da matéria fina da Criação, tal como nas descargas elétricas de um temporal. É como se a mão criadora do Espírito Santo disseminasse sementes na matéria.

Enquanto a semeadura se desenvolve e vagarosamente amadurece para a safra, muitos grãos se perdem. Não vingam, isto é, não desenvolveram suas faculdades mais elevadas, antes apodreceram ou secaram, devendo perder-se na matéria. Aqueles, porém, que vingaram e saíram do solo, serão examinados rigorosamente por ocasião da colheita, as espigas vazias separadas das espigas cheias. Após a colheita será mais uma vez o joio separado do trigo, cuidadosamente.

Assim é a imagem do processo em geral. E agora, a fim de conhecermos o livre-arbítrio, temos de acompanhar mais detalhadamente o processo evolutivo propriamente dito do ser humano:

Quando fagulhas espirituais saltam para o campo da extremidade de matéria fina da Criação material, instantaneamente se congrega, em redor de cada uma dessas fagulhas, um invólucro gasoso de idêntica espécie de matéria dessa mais delicada região da materialidade. Com isso, o germe espiritual do ser humano entrou na Criação, a qual, como tudo o que é matéria, está sujeita a alterações e à decomposição. Ele ainda está livre de carma e espera as coisas que deverão vir.

Até a essas mais extremas ramificações chegam então as vibrações das fortes vivências que se processam incessantemente no meio da Criação em seu evoluir e desaparecer.*

Ainda que se trate dos mais delicados vislumbres que atravessam essa matéria fina como um sopro, são, pois, suficientes para despertar a vontade sensível no germe espiritual e chamar a atenção. Ele deseja “provar” esta ou aquela vibração e segui-la ou, caso se quiser expressar doutra forma, deixar-se arrastar por elas, o que equivale a um deixar-se atrair.

Nisso há a primeira decisão do germe espiritual multiplamente dotado e que doravante será, segundo a sua escolha, atraído para aqui ou acolá. Aí já se vão urdindo também os primeiros fios mais delicados do tecido que mais tarde constituirá o seu tapete de vida.

Então poderá esse germe, que evolui rapidamente, utilizar-se de cada momento para entregar-se às diferentes vibrações que cruzam de modo permanente e múltiplo o seu caminho. Tão logo o realize, isto é, o deseje, modificará assim sua direção, seguindo a espécie recém-escolhida ou, expresso de outra forma, deixando-se arrastar por ela.

Com seu desejo ele pode mudar, como por meio de um leme, o curso nas correntezas, tão logo uma delas não mais lhe agrade. Assim consegue “provar” aqui e acolá.

Nesse provar ele amadurece mais e mais, recebe lentamente a faculdade de discernir e por fim a capacidade de julgar, até finalmente tornar-se cada vez mais consciente e seguro, seguindo numa determinada direção. Sua escolha de vibrações, as quais está disposto a seguir, não fica aí sem um efeito mais profundo sobre ele próprio.

É apenas uma conseqüência muito natural que essas vibrações, nas quais ele por assim dizer nada, mediante sua livre vontade, influenciem na reciprocidade o germe espiritual de acordo com sua espécie.

Mas o germe espiritual, em si, possui qualidades nobres e puras! Essa é a dádiva com que deve “prosperar” na Criação. Entregando-se a vibrações nobres, estas, na lei da reciprocidade, despertarão, fortalecerão e desenvolverão as propriedades latentes no germe, de modo a produzirem com o tempo juros abundantes e distribuírem grandes bênçãos à Criação. Um ser humano espiritual que dessa forma se desenvolver, tornar-se-á com isso um bom administrador.

Mas se o germe preferir entregar-se a vibrações baixas, estas poderão com o tempo influir tão fortemente nele, que a espécie delas se aderirá a ele, cobrindo e sufocando as próprias faculdades puras do germe espiritual, não deixando que cheguem a um despertar propriamente dito e florescer. Acabarão elas tendo de ser consideradas como de fato “enterradas”, pelo que o respectivo ser humano tornar-se-á um mau administrador da dádiva a ele confiada.

Um germe espiritual não consegue, portanto, ser originariamente impuro, porque provém daquilo que é puro, trazendo em si apenas pureza. Pode, contudo, depois de seu mergulho na matéria, ficar com a sua camada envoltória material conspurcada por “provar” vibrações impuras de acordo com a própria vontade, isto é, por meio de tentações; pode até com isso adquirir animicamente coisas impuras, externas, devido a fortes sufocações daquilo que é nobre, com o que ele então recebe características impuras, diferentes das capacidades trazidas e herdadas pelo espírito.

Cada culpa e todo carma são apenas de ordem material! Somente dentro do âmbito da Criação material, não diferentemente! Nem podem transferir-se para o espírito, mas somente a ele aderir. Razão por que é possível um lavar-se de toda culpa.

Esse reconhecimento em nada derruba o que a religião e a Igreja dizem figuradamente, antes confirma tudo. Acima de tudo reconhecemos sempre, mais e mais, a grande Verdade que Cristo trouxe à humanidade.

É também evidente que um germe espiritual que se sobrecarregou de coisas impuras na matéria, não poderá mais voltar com essa carga para o espiritual, mas deverá permanecer na matéria até que se tenha libertado desse fardo, soltando-se dele. Terá assim, naturalmente, de permanecer sempre na região para a qual o peso de sua carga o impele, sendo para isso fator determinante o maior ou menor grau de impureza.

Caso não consiga se ver livre desse fardo, jogando-o fora até o dia do Juízo, não conseguirá ascender, apesar da constante permanência de pureza do germe espiritual, que, aliás, pela sobrepujança das coisas impuras, não pôde desenvolver correspondentemente suas reais capacidades. O impuro retém-no pelo seu peso e puxa-o junto para a decomposição de tudo quanto é material.

Quanto mais consciente, pois, se for tornando o germe espiritual em seu desenvolvimento, tanto mais o invólucro exterior irá se amoldando às qualidades específicas internas. Voltar-se-á para o que é nobre ou para o que é vil, isto é, para o belo ou para o feio.

Cada desvio que tomar formará um nos fios que vai arrastando atrás de si, que em muitos caminhos errados, em muitas idas e vindas, podem vir a formar numerosas meadas como numa rede, na qual ele se emaranha, pelo que ou nela submerge, porque o retém, ou da qual ele terá de se libertar violentamente.

As vibrações pelas quais ele optou, provando ou gozando durante seu percurso, ficam ligadas a ele e arrastam-se atrás dele como fios, transmitindo-lhe dessa forma, ininterruptamente, sua própria espécie de vibrações.

Se ele prosseguir por longo tempo na mesma direção, poderão os fios anteriores que se encontram mais longe, bem como os que estão mais perto, atuar com intensidade não diminuída. Caso, porém, mude de rumo, as vibrações anteriores pouco a pouco irão se enfraquecendo em sua influência, por causa desse cruzamento, pois terão de passar primeiro por um nó que atua sobre elas de modo embaraçador, porque o enlaçamento em si já constitui uma ligação e fusão com a nova e diferente direção.

E assim sucessivamente. Os fios vão se tornando mais espessos e mais fortes com o crescimento do germe espiritual, formando o carma, cujos efeitos por fim podem adquirir tanto poder, que anexam ao espírito este ou aquele “pendor”, que finalmente é capaz de prejudicar suas livres decisões, dando-lhes uma já antes presumível direção. Com isso o livre-arbítrio está então obscurecido, não pode mais atuar como tal.

Desde o início, portanto, existe o livre-arbítrio, só que tanto arbítrio mais tarde está de tal forma sobrecarregado, que é fortemente influenciado pela maneira já mencionada, não podendo mais ser, portanto, nenhum livre-arbítrio.

O germe espiritual que dessa forma vai cada vez mais se desenvolvendo, deve, pois, ir se aproximando cada vez mais da Terra, visto que dela partem as vibrações de modo mais forte e ele, prosseguindo cada vez mais consciente, segue-as, ou melhor dito, deixa-se “atrair” por elas, a fim de poder provar cada vez mais intensamente as espécies escolhidas segundo as suas inclinações. Ele quer passar do petiscar para o real “provar” e, daí, para o “desfrutar”.

As vibrações emanadas da Terra são por isso tão fortes, porque aqui sobrevém algo de novo que muito revigora: a força sexual corporal da matéria grosseira!**

Essa tem a finalidade e a capacidade de “incandescer” toda intuição espiritual. O espírito somente assim obtém correta ligação com a Criação material e pode por isso, só então, nela tornar-se ativo com pleno vigor. Abrange então tudo quanto é necessário para se fazer valer plenamente na matéria, a fim de firmar-se nela em todos os sentidos, podendo atuar de maneira penetrante e dominadora, estando armado contra tudo e protegido de tudo.

Daí as colossais ondas de energias que emanam do vivenciar que se processa através dos seres humanos na Terra. Alcançam, no entanto, sempre apenas tão longe quanto a Criação material, contudo nela vibrando até as ramificações mais delicadas.

Uma pessoa que na Terra fosse espiritualmente elevada e nobre, e que por isso viesse com elevado amor espiritual a seus contemporâneos, permanecer-lhes-ia estranha, não podendo aproximar-se-lhes interiormente, tão logo fosse excluída sua força sexual. Faltaria, assim, para a compreensão e para a intuição anímica uma ponte, existindo conseqüentemente um abismo.

No momento, porém, em que tal amor espiritual entre em pura ligação com a força sexual, tornando-se incandescido por esta, o fluxo para toda a matéria recebe uma vida muito diferente, tornando-se nisso terrenalmente mais legítimo e consegue assim atuar nos seres humanos terrenos e em toda a matéria, plenamente e de modo compreensível. então ele será assimilado por esta e em seguida intuído, podendo trazer aquela bênção à Criação que o espírito do ser humano deve trazer.

Há algo gigantesco nessa ligação. Esse é também o objetivo propriamente dito, pelo menos a finalidade principal, desse imensurável instinto, para tantos enigmático, a fim de deixar desenvolver o espiritual na matéria à plena força de atuação! Sem isso ele permaneceria demasiado estranho à matéria, para poder manifestar-se direito. A finalidade procriadora vem em segundo lugar. O fato principal é o impulso para cima que resulta dessa ligação no ser humano. Com isso o espírito humano recebe sua força plena, seu calor e sua vitalidade; fica, por assim dizer, completo com esse processo. Por isso também aqui principia sua plena responsabilidade!

A sábia justiça de Deus outorga ao ser humano, porém, nesse importante ponto de transição, simultaneamente, não somente a possibilidade, mas sim até o impulso natural para desembaraçar-se facilmente de todo o carma com que até então sobrecarregou seu livre-arbítrio. Dessa forma consegue o ser humano libertar completamente o arbítrio, outra vez, a fim de então se tornar um filho de Deus, consciente e de modo poderoso na Criação, atuando no Seu sentido e escalando em puras e elevadas intuições as alturas, para onde ele, mais tarde, quando tiver deixado seu corpo de matéria grosseira, será atraído.

Se o ser humano não fizer isso, a culpa é dele, pois com a entrada da força sexual manifesta-se de modo preponderante nele um impulso poderoso para cima, para o que é ideal, belo e puro. Isso sempre pode ser observado nitidamente na juventude incorrupta de ambos os sexos. Daí o entusiasmo dos anos da mocidade, infelizmente muitas vezes ridicularizado pelos adultos, e que não devem ser confundidos com os anos da infância.

Por isso também nesses anos as intuições inexplicáveis, levemente melancólicas e com um ar de seriedade. Não são infundadas as horas em que parece que um moço ou uma jovem têm de carregar toda a dor do mundo, quando lhes surgem pressentimentos duma profunda seriedade.

Também o não se sentir compreendido, que tão freqüentemente ocorre, contém em si, na realidade, muito de verdadeiro. É o reconhecimento temporário da conformação errada do mundo em redor, o qual não quer nem pode compreender o sagrado início de um vôo puro às alturas, e só está satisfeito quando essa tão forte intuição exortadora nas almas em amadurecimento é arrastada para baixo, para o “mais real” e sensato, que lhe é mais compreensível e que considera mais adequado à humanidade, julgando, em seu sentido intelectual unilateral, como o único normal.

Não obstante isso, inúmeros materialistas inveterados que, em idêntica época de sua vida, igualmente intuíram uma severa advertência e que, aqui e acolá, falam prazerosamente do tempo áureo do primeiro amor, e mesmo com certas manifestações de sentimentalismo, até com melancolia, expressando inconscientemente certa dor sobre algo perdido, impossível de ser descrito nitidamente.

E nisso todos eles têm razão! O mais precioso lhes foi tomado, ou eles próprios o jogaram fora levianamente, quando no trabalho cotidiano, ou sob o sarcasmo dos assim chamados “amigos” e “amigas”, ou por meio de maus livros e exemplos, enterraram timidamente a jóia, cujo brilho, não obstante, irrompe durante sua vida posterior, uma vez aqui e acolá, novamente, deixando num instante bater mais alto o coração insatisfeito, num inexplicável tremor de enigmática tristeza e saudade.

Mesmo que tais intuições sejam sempre de novo recalcadas e ridicularizadas em amargo auto-escarnecimento, comprovam ainda assim a existência desse tesouro, e felizmente poucos são aqueles capazes de asseverar que jamais tiveram tais intuições. E esses apenas seriam dignos de lástima, pois nunca viveram.

Mas mesmo tais corrompidos ou, digamos, dignos de lástima, sentem uma saudade quando se lhes o ensejo de encontrar uma pessoa que utiliza com disposição correta essa força propulsora, e que, portanto, assim se tornou pura e se encontra na Terra interiormente elevada.

O efeito de semelhante saudade em tais pessoas não passa, no mais das vezes, do reconhecimento involuntário da própria baixeza e negligência, que acabam se transformando depois em ódio, podendo chegar até mesmo a uma cólera cega. Não é raro acontecer que uma pessoa animicamente elevada já de modo visível atraia sobre si o ódio de massas inteiras, sem que ela própria realmente tivesse dado motivo reconhecível externamente para tanto. Tais massas então outra coisa não sabem senão bradar “crucificai-o, crucificai-o!” Daí a grande fileira de mártires que a história da humanidade registra.

A causa é a dor bárbara de verem em outros algo precioso que eles próprios já perderam. Uma dor que só reconhecem como ódio. Em pessoas com maior calor interior, que foram retidas ou arrastadas para a imundície, apenas devido a maus exemplos, ao encontrarem uma pessoa interiormente elevada, a saudade daquilo que propriamente não foi conseguido, muitas vezes transforma-se em ilimitado amor e veneração. Para onde quer que se dirija tal pessoa, há sempre apenas um pró ou um contra em torno dela. Indiferença não pode perseverar.

A graça que irradia misteriosamente duma jovem incorrupta ou dum moço incorrupto, outra coisa não é senão o impulso puro da força sexual que desperta junto com a força espiritual, visando coisas mais elevadas e mais nobres, e intuído conjuntamente pelo seu ambiente, devido às fortes vibrações!

Zelosamente, cuidou o Criador de que isso só sucedesse ao ser humano numa idade em que pudesse tornar-se plenamente consciente de sua vontade e de seus atos. Aí é chegado o tempo exato no qual ele pode e deve desembaraçar-se de tudo quanto pertence ao passado, como que brincando, devido à ligação com a força plena nele agora existente. Cairia até por si, caso o ser humano persistisse em sua vontade pelo bem, ao que se sente impulsionado sem cessar, nessa época. Poderia, então, como as intuições mui acertadamente apontam, escalar sem esforço aquele degrau ao qual ele, como ser humano, pertence!

Vede a atitude sonhadora da mocidade incorrupta! Nada mais é senão a intuição do impulso para cima, a vontade de se libertar de toda a imundície, o anseio ardente pelo que é ideal. A inquietação impulsionadora, porém, é o sinal para não perder mais tempo, mas desembaraçar-se energicamente do carma e iniciar a escalada do espírito.

Por isso a Terra é o grande ponto de transição para as criaturas humanas!

É algo de esplêndido estar nessa força concentrada, atuar nela e com ela! Isso, enquanto a direção que o ser humano escolheu for boa. Mas também não existe nada mais miserável do que malbaratar essas energias unilateralmente, em cega embriaguez dos instintos, e assim vir a paralisar seu espírito, privando-o de uma grande parte do impulso de que tanto necessita para chegar às alturas.

Todavia, os seres humanos, na maioria dos casos, perdem essa preciosa época transitória, deixando-se guiar pelo ambiente “entendido” para caminhos errados, os quais os retêm e, infelizmente, com demasiada freqüência os conduzem para baixo. Devido a isso não conseguem libertar-se das turvas vibrações que neles estão aderidas, as quais, pelo contrário, recebem apenas novo suprimento de forças e, assim, cada vez mais envolverão seu livre-arbítrio, a ponto de não poderem mais reconhecê-lo.

Assim acontece na primeira encarnação na Terra. Nas seguintes encarnações, que se farão necessárias, o ser humano trará consigo um carma muito mais pesado. A possibilidade de desvencilhamento, apesar de tudo, apresenta-se sempre, outra vez, e carma nenhum poderia ser mais forte do que o espírito do ser humano ao chegar na plenitude do seu vigor, tão logo receba através da força sexual a ligação sem falhas com a matéria, à qual, sim, o carma pertence.

Se, porém, o ser humano desperdiçou essas épocas para desvencilhar-se do seu carma e para a recuperação a isso ligada de seu livre-arbítrio, tendo se emaranhado mais ainda, tendo talvez até caído profundamente, apesar disso, ainda se oferece a ele um poderoso aliado para o combate do carma e para a ascensão. O maior vencedor que há, capaz de tudo sobrepujar.

A sabedoria do Criador dispôs as coisas na matéria de tal maneira, que os períodos mencionados não são os únicos em que o ser humano pode encontrar a possibilidade dum auxílio rápido, nos quais ele consegue encontrar a si mesmo, bem como a seu real valor, recebendo até para tanto um impulso extraordinariamente forte, a fim de que atente a isso.

Esse poder mágico de que cada ser humano dispõe durante toda sua existência terrena, em prontidão constante de auxílio, que se origina da mesma união da força sexual com a força espiritual, podendo provocar a eliminação do carma, é o amor! Não o amor cobiçoso da matéria grosseira, mas o elevado e puro amor que outra coisa não conhece nem deseja, senão o bem da pessoa amada, nunca pensando em si próprio. Pertence também ele à Criação material, e não exige renúncia nem ascetismo, querendo sempre apenas o melhor para outrem, preocupando-se com ele, sofrendo com ele, mas participando também com ele das alegrias.

Como base, tem ele as intuições semelhantes de anseio e de ideal da juventude incorrupta ao irromper da força sexual, mas também estimula o ser humano responsável, isto é, maduro, para a força plena de toda a sua capacidade, até ao heroísmo, de modo que a força criadora e combativa será concentrada à máxima intensidade. Aqui, em relação à idade, não existem limites! Tão logo uma pessoa dê guarida ao amor puro, seja o de um homem por uma mulher ou vice-versa, ou por um amigo, ou por uma amiga, ou pelos pais, pelos filhos, não importa, sendo puro, trará como primeira dádiva a oportunidade para libertar-se de todo o carma, que então se redime apenas “simbolicamente”,*** para o desabrochar do livre e consciente arbítrio, que só pode ser dirigido para cima. Como conseqüência natural, inicia-se então a escalada, a libertação das cadeias indignas que a retêm.

A primeira intuição que se manifesta quando desperta o amor puro é o julgar-se indigno diante do ser querido. Com outras palavras, pode-se descrever esse fenômeno como o princípio da modéstia e da humildade, portanto, o recebimento de duas grandes virtudes. A seguir, junta-se a isso o impulso de querer manter a mão sobre o outro, protetoramente, a fim de que não lhe aconteça nenhum mal de qualquer lado, mas sim que seu caminho o conduza por atalhos floridos e ensolarados. O “querer trazer nas palmas das mãos” não é um ditado oco, mas sim caracteriza mui acertadamente a intuição que brota.

Nisso, porém, se encontra uma abdicação da própria personalidade, uma grande vontade de servir, o que, por si só, poderia bastar para eliminar em pouco tempo todo o carma, tão logo essa vontade perdure e não dê lugar a instintos puramente sensuais. Por último, manifesta-se ainda, no amor puro, o desejo ardente de poder fazer algo bem grande para o outro ser querido, no sentido nobre, de não o ofender ou o ferir com nenhum gesto, nenhum pensamento, nenhuma palavra, muito menos ainda com uma ação feia. Torna-se viva a mais delicada consideração.

Trata-se, então, de segurar essas puras intuições e colocá-las acima de tudo o mais. Nunca alguém, então, quererá ou fará algo de mal. Simplesmente não consegue, mas sim, pelo contrário, tem nisso a melhor proteção, a maior força, o mais bem-intencionado conselheiro e auxiliador.

Por esse motivo Cristo, sempre de novo, aponta para a onipotência do amor! Somente ele sobrepuja tudo e tudo consegue. Todavia, sempre na pressuposição de que não se trate apenas do amor terreno e cobiçoso, que contém em si o ciúme e seus vícios análogos.

O Criador, em Sua sabedoria, lançou com isso uma bóia de salvação na Criação, que não somente uma vez na vida terrena toca em cada criatura humana, a fim de que nela se segure e por ela se alce!

Esse auxílio está à disposição de todos. Não faz nenhuma distinção, nem à idade nem ao sexo, nem ao pobre nem ao rico, tampouco ao nobre ou ao humilde. Por essa razão o amor é também a maior dádiva de Deus! Quem compreende isso está certo da salvação de todas as vicissitudes e de todas as profundezas! Liberta-se, recupera assim de modo mais fácil e mais rápido um límpido livre-arbítrio, que o conduz para cima.

E mesmo que se encontre numa profundidade que devia levá-lo ao desespero, o amor é capaz de arrancá-lo com o ímpeto de um furacão para cima, ao encontro da Luz, de Deus, que é o próprio amor. Tão logo numa pessoa desperte um amor puro mediante qualquer impulso, tem ela também a mais direta ligação com Deus, a fonte primordial de todo o amor, e com isso também o mais forte auxílio. Mas se um ser humano possuísse tudo e não tivesse o amor, não passaria dum metal soante ou dum chocalho tilintante, isto é, sem calor, sem vida… nada!

Se vier a sentir, no entanto, amor verdadeiro por qualquer de seus semelhantes, aquele amor que só se esforça para dar à pessoa amada luz e alegria, não a degradando mediante cobiças insensatas, mas sim soerguendo-a protetoramente, então ele serve a essa pessoa, sem se tornar consciente do servir, propriamente, visto que assim se torna um desinteressado doador e presenteador. E esse servir liberta-o!

Muitos dirão para si mesmos: Eis exatamente o que faço, ou pelo menos o que me esforço por conseguir! Procuro por todos os meios tornar fácil a vida terrena de minha mulher ou família, proporcionar-lhes prazeres, empenhando-me em conseguir tantos meios para que possam ter uma vida cômoda, agradável e livre de preocupações.

Milhares baterão no peito, sentindo-se extasiados e julgando-se por demais bons e nobres. Enganam-se! Esse não é o amor vivo! Ele não é tão unilateralmente terreno, mas impulsiona ao mesmo tempo muito mais fortemente para o que é mais elevado, mais nobre e ideal. Claro é que ninguém deve impunemente, isto é, sem conseqüências prejudiciais, descuidar-se das necessidades terrenas, não deve negligenciá-las, mas estas não devem constituir a finalidade principal do pensar e do atuar. Acima disso paira, de modo imenso e forte, o desejar, tão misterioso para muitos, de poder ser, realmente, diante de si mesmos, aquilo que valem diante daqueles pelos quais são amados.

E esse desejar é o caminho certo! Conduz sempre somente para o alto.

O amor verdadeiro e puro não necessita ser esclarecido ainda mais detalhadamente. Cada pessoa sente perfeitamente de que maneira é ele constituído. Procura apenas se enganar com freqüência a tal respeito, quando vê aí os seus erros, intuindo de modo claro quão longe se encontra ainda realmente de amar de modo verdadeiro e puro. Mas deve reagir, não pode parar hesitantemente e chegar por fim a falhar, pois para ele não existe mais um livre-arbítrio sem o verdadeiro amor!

Quantos ensejos são, portanto, proporcionados aos seres humanos, a fim de reagirem e iniciarem a escalada, sem que eles os aproveitem. Por isso, na maioria, suas lamúrias e buscas não são legítimas! Nem querem, tão logo eles próprios tenham de contribuir com algo, seja apenas uma pequena modificação de hábitos e opiniões. Na maior parte são mentiras e ilusões! Deus é que deve vir até eles e soerguê-los para si, sem que precisem desistir da tão querida comodidade e auto-adoração. Então, talvez, consentiriam em acompanhar, mas não sem esperar ainda para tanto um agradecimento todo especial de Deus.

Deixai que tais parasitas sigam seu caminho para a ruína! Não merecem que alguém se ocupe com eles. Deixarão passar sempre de novo as oportunidades que se oferecem, queixando-se e rezando. Se tal pessoa, no entanto, se aproveitasse delas uma vez, então certamente iria privá-las da sua mais distinta jóia de pureza e de altruísmo, para arrastar tão preciosíssimo bem à lama das paixões.

Pesquisadores e sábios devem finalmente reagir e desviar-se dessas pessoas! Não devem pensar que estão fazendo obra agradável a Deus, quando oferecem continuamente a Sua Palavra e a Sua vontade sagrada como mercadoria barata, por meio de tentativas de ensinamentos, dando assim a aparência de que o Criador precisa mendigar por intermédio de Seus fiéis para ampliar o círculo de Seus adeptos. É uma conspurcação, se for oferecida a esses que com as mãos imundas agarram-na. Não se deve esquecer a sentença que proíbe “atirar pérolas aos porcos”.

E nem outra coisa é o que se em tais casos. Desnecessário desperdício de tempo, que em tal medida não deve ser mais esbanjado, sem que, finalmente, na ação retroativa, se torne prejudicial. Só devem ser ajudados aqueles que procuram.

A inquietação que por toda parte surge em muitas pessoas, o pesquisar e o procurar pela existência do livre-arbítrio são perfeitamente justificados e constituem um sinal de que não há tempo a perder. Reforça-se este fato com o pressentimento inconsciente de um possível tarde demais para tal. Isso mantém agora o pesquisar constantemente vivo. Mas é em grande parte inútil. Os seres humanos de hoje, em sua maior parte, não conseguem mais pôr em prática o livre-arbítrio, porque se embaraçaram demasiadamente!

Venderam-no e mercadejaram-no… por nada!

Quanto a isso não poderão responsabilizar Deus, como se tenta fazer tantas e repetidas vezes, mediante toda sorte de interpretações, para se eximirem do pensamento duma responsabilidade que lhes espera, mas terão de acusar a si próprios. E mesmo que tal auto-acusação fosse perpassada da mais amarga e mais profunda dor, ainda assim não seria suficientemente forte para dar uma relativa compensação pelo valor do bem perdido, que foi insensatamente calcado ou desperdiçado.

Não obstante tudo isso, pode ainda o ser humano vir a encontrar o caminho, para conquistá-lo novamente, tão logo se esforce seriamente nesse sentido. No entanto, sempre apenas quando ele o deseje do mais fundo do seu íntimo. Se esse desejo realmente vive nele e jamais enfraquece. Deve trazer em si o mais ardente anseio para tanto. E mesmo que devesse empenhar nisso toda a sua existência terrena, só poderia advir-lhe vantagem, pois é assaz importante e necessária para o ser humano a recuperação do livre-arbítrio! Poderemos em lugar de recuperação dizer desenterramento, ou purificação libertadora. Vem a dar no mesmo, exatamente.

Enquanto, porém, o ser humano só pensar e cismar a tal respeito, não conseguirá arranjar nada. O maior esforço e pertinácia falharão aí, visto que através de pensamentos e cismas não conseguirá nunca ultrapassar os limites do tempo e do espaço, isto é, jamais chegará onde se encontra a solução. E como atualmente pensar e cismar tem sido considerado como o principal caminho para todo pesquisar, não existe, portanto, nenhuma perspectiva de que se possa esperar um progresso além das coisas puramente terrenas. A não ser que os seres humanos se modifiquem nisso fundamentalmente.

Aproveitai o tempo da existência terrena! Pensai no grande ponto de transição que sempre traz consigo a plena responsabilidade.

Por esse motivo, uma criança ainda não se encontra espiritualmente capacitada, porque a união entre o espiritual e o material ainda não se efetuou nela através da força sexual. no momento da entrada de tal força é que suas intuições adquirirão aquele vigor capaz de perpassar de modo incisivo a Criação material, transformando-a e remodelando-a, com o que assumirá, de modo automático, inteira responsabilidade. Antes, os efeitos retroativos também não são tão fortes, porque a capacidade de intuição atua de modo muito mais fraco.

Um carma não pode por isso já na primeira encarnação na Terra ser tão pesado; quando muito poderá influir na ocasião do nascimento, determinando o ambiente em que o nascimento se dê, a fim de que ajude o espírito, durante a vida terrena, a libertar-se do carma mediante o reconhecimento de suas propriedades especificas. Os pontos de atração das espécies iguais representariam aí um papel predominante. Tudo apenas em sentido fraco, porém. O carma propriamente dito, potente e incisivo, só se inicia quando no ser humano a força sexual se liga à sua força espiritual, pelo que ele se torna na matéria não apenas de pleno valor, mas pode, em todos os sentidos, sobrepujá-la amplamente, caso se sintonizar correspondentemente.

Até as trevas, o mal, não conseguem chegar diretamente ao ser humano. Disso uma criança se acha protegida por causa da falta de ligação com o material. Como que isolada. Falta a ponte.

Por isso a muitos leitores tornar-se-á mais compreensível por que as crianças gozam de uma proteção muito maior contra o mal, o que já é proverbial. Mas pelo mesmo caminho que forma a ponte para a força sexual entrante, e sobre a qual o ser humano lutando consegue andar em seu vigor pleno, pode lhe chegar naturalmente também tudo o mais, se não estiver suficientemente vigilante. Mas em caso algum isso pode acontecer antes que possua a necessária força defensiva. Não existe em momento algum uma desigualdade, que permitisse surgir uma desculpa.

Por essa razão a responsabilidade dos pais assume proporções gigantescas! Ai daqueles que privam os próprios filhos da oportunidade de se desembaraçarem de seu carma e de efetuarem sua escalada, quer por zombarias inoportunas, quer por educação errônea, se não até por maus exemplos, aos quais pertencem também as ambições exageradas nos mais variados setores. As tentações da vida terrena, já por si, só atraem neste ou naquele sentido. E por não ser explicada aos adolescentes a sua real posição de poder, ou nem aplicam eles a sua força, ou aplicam-na de modo insuficiente, ou desperdiçam-na da maneira mais irresponsável, quando não fazem dela uso errado e até mau. Assim, na ignorância, inicia-se, pois, o inevitável carma com ímpeto cada vez maior; influenciando, lança adiante as suas irradiações através de algum pendor para isto ou aquilo e restringe com isso o livre-arbítrio propriamente dito nas decisões, de modo a torná-lo preso. Decorre disso o fato de a maioria da humanidade, hoje em dia, não mais poder manobrar livre-arbítrio algum.

Ela se atou, acorrentou, escravizou-se por própria culpa.

Quão pueris e indignos se mostram os seres humanos, quando procuram repelir o pensamento duma responsabilidade incondicional, preferindo nisso lançar ao Criador uma censura de injustiça! Quão ridículo soa o pretexto de que até nem teriam nenhum livre-arbítrio próprio, mas seriam conduzidos, empurrados, aplainados e modelados, sem poderem fazer algo contra isso.

Se ao menos momentaneamente quisessem tornar-se cientes do mísero papel que representam realmente com tal comportamento. Se, antes de tudo o mais, finalmente quisessem se examinar de forma verdadeiramente crítica em relação à posição de poder que lhes foi outorgada, a fim de reconhecer como a desperdiçam, irrefletidamente, em ninharias e futilidades transitórias, como, em troca, elevam bagatelas a uma posição de importância desprezível, sentindo-se grandes em coisas nas quais, no entanto, têm de parecer tão pequenos em relação à sua finalidade real como ser humano na Criação.

O ser humano de hoje é como um homem ao qual foi dado um reino, e que prefere perder seu tempo com os mais simples brinquedos infantis!

É evidente, e não é de se esperar diferentemente, que as forças poderosas outorgadas ao ser humano devam esmagá-lo, se não souber guiá-las.

É chegado o último momento para o despertar, finalmente! O ser humano deveria aproveitar plenamente o tempo e a graça que lhe são conferidos em cada vida terrena. Ainda não pressente quão indispensável isso já é. Desde o momento em que vier a libertar novamente o arbítrio, que atualmente se acha preso, tudo o que agora parece muitas vezes estar contra ele, auxiliá-lo-á. Mesmo as irradiações dos astros, temidas por tantos, só existem para auxiliá-lo. Pouco importa de que natureza sejam.

E cada qual o consegue, mesmo que o carma ainda lhe pese tanto! Mesmo que as irradiações dos astros pareçam ser predominantemente desfavoráveis. Tudo isso se efetua de modo pernicioso somente no caso de arbítrio atado. Mas também aí apenas aparentemente; porque, na realidade, ainda assim será para o seu bem, se não souber mais ajudar a si mesmo de outra maneira. Desse modo será forçado a defender-se, a acordar e estar alerta.

O medo das irradiações dos astros não é, contudo, oportuno, porque os fenômenos que aí se efetivam representam sempre apenas os fios do carma que correm para a respectiva pessoa. As irradiações dos astros constituem meros canais para os quais é conduzido todo o carma existente em volta de uma pessoa na ocasião, até o ponto em que este, em sua espécie, corresponda às respectivas irradiações de igual espécie. Se, portanto, as irradiações dos astros são desfavoráveis, então se juntará nesses canais apenas carma pendente desfavorável para o ser humano, aquilo que corresponde exatamente à espécie das irradiações, nada diferente. Igualmente nos casos de irradiações favoráveis. Guiado assim mais concentradamente, pode também se efetivar sobre o ser humano sempre de modo mais sensível. Onde, porém, não haja carma nocivo, as irradiações desfavoráveis dos astros também não poderão atuar de modo nocivo. Uma coisa não é separável da outra.

Também nisso se reconhece mais uma vez o grande amor do Criador. Os astros controlam ou guiam os efeitos do carma. Conseqüentemente, um carma nocivo não pode ter efeito ininterruptamente, mas também de permeio tem de deixar ao ser humano intervalos para tomar alento, porque os astros irradiam alternadamente e, assim, no período de irradiações benignas, o mau carma está impossibilitado de agir! Tem, pois, que se interromper e aguardar até que recomecem as irradiações desfavoráveis, não podendo, por conseguinte, oprimir inteiramente uma pessoa, de modo tão fácil. Não havendo ao lado do carma nocivo da criatura humana também algum carma benigno que se efetue através das irradiações favoráveis dos astros, então pelas irradiações favoráveis se consegue, pelo menos, que o sofrimento venha a ter interrupções durante as épocas de irradiações benignas.

Assim se engrenam também aqui, uma na outra, as rodas dos acontecimentos. Uma coisa atrai a outra para si, dentro da mais estrita lógica, controlando-a simultaneamente, a fim de que não possa ocorrer a mínima irregularidade. E assim prossegue, como num gigantesco conjunto de engrenagens. De todos os lados os dentes das rodas articulam-se com a máxima precisão, movimentando e impulsionando tudo para o desenvolvimento.

No centro disso, porém, se encontra o ser humano com o incalculável poder que lhe é confiado e que o capacita a dar, por meio de sua vontade, a direção a esse gigantesco conjunto de rodas. No entanto, sempre apenas para si próprio! Poderá levá-lo para cima ou para baixo. A direção dada é a única determinante para o fim.

Todavia, tal conjunto de engrenagens da Criação não é constituído de material rígido, mas de formas e seres, todos vivos, que, em cooperação, causam uma impressão ainda mais gigantesca. Todo esse maravilhoso tecer, no entanto, serve apenas para ajudar o ser humano, enquanto ele não interferir com o poder que lhe foi dado, de modo a embaraçar pelo esbanjamento pueril e aplicação errada. Urge, por fim, que se enquadre diferentemente para tornar-se aquilo que deve ser. Obedecer não significa outra coisa, na realidade, senão compreender! Servir é auxiliar. E auxiliar, por sua vez, significa dominar. Em pouco tempo cada um conseguirá libertar seu arbítrio conforme deve ser. E dessa forma tudo se altera para ele, pois ele próprio primeiro mudou o seu íntimo.

Mas para milhares, centenas de milhares, sim, para milhões de seres humanos tornar-se-á demasiadamente tarde, por não terem desejado diferentemente. É natural que a força erradamente dirigida destrua a máquina, força que, de outra forma, teria servido para a máquina realizar um trabalho abençoado.

Quando sobrevierem os acontecimentos, lembrar-se-ão todos os hesitantes repentinamente de rezar, porém não poderão encontrar mais a maneira adequada, a qual, unicamente, poderia proporcionar auxílio. Reconhecendo então o falhar, passarão logo, em seu desespero, a blasfemar e a afirmar acusadoramente que não poderia existir um Deus, se Ele permite tais coisas. Não querem acreditar na justiça férrea, tampouco que lhes tenha sido dado o poder de modificar tudo ainda em tempo. E que isso lhes fora dito com suficiente freqüência.

Numa obstinação pueril exigem para si, segundo o seu modo, um Deus amoroso que tudo perdoa. Só assim querem reconhecer a Sua grandeza! Como deveria esse Deus, segundo as suas idéias, proceder então com aqueles que sempre o procuraram sinceramente, mas que justamente por causa desse procurar foram pisados, escarnecidos e perseguidos por aqueles que esperam o perdão?

Tolos esses que em sua cegueira e surdez, sempre de novo desejadas, correm ao encontro da ruína, esses que por si próprios criam sua destruição com fervor. Que fiquem entregues às trevas, ao encontro das quais se dirigem teimosamente, devido ao saber tudo melhor. mesmo mediante o próprio vivenciar é que ainda poderão chegar à reflexão. Por isso também as trevas serão a sua melhor escola. Mas virá o dia, a hora, em que será tarde demais até para esse caminho, porque não dará mais tempo para ainda se libertarem das trevas e ascenderem, após um tardio reconhecimento através do vivenciar. Por esse motivo já é tempo, finalmente, de se ocuparem seriamente com a Verdade.


* Tudo isso é dado provisoriamente em panorama geral; em futuras dissertações será descrito mais detalhadamente.

** Dissertação: “A força sexual em sua significação para a ascensão espiritual”.

*** Dissertação: “Simbolismo no destino humano”.


MENSAGEM DO GRAAL

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